A importância do conhecimento da anatomia humana na ilustração vai além do desenho de histórias em quadrinhos e mangás. Cada desenho, ilustração, animação, 3D de personagens necessita de um conhecimento profundo de anatomia humana. Como em todo aprendizado, a melhoria advém da prática.

Anatomia Humana: Aplicando a Estrutura nos Desenhos

Na ilustração, o corpo humano acompanha certas estruturas. Estas estruturas são o que trazem o design de naturalidade ao corpo. Todo corpo quando foge deste design padrão nos gera estranheza, principalmente quando diz respeito a arte.

Podemos notar assim, que a partir de uma estrutura anatômica simples, podemos formular os mais diversos desenhos. É importante salientar que as diferenciações surgem a partir de uma estrutura base, logo, a partir dessa base, podemos desenhar pessoas mais altas, baixas, fortes, fracas e até mesmo estruturas monstruosas, a partir da forma humanoide.

Lembrando que, não existe a menor chance de alguém aprender a desenhar sem o treino constante, contínuo e repetitivo. É igual aprender a andar, primeiro se arrasta, depois engatinha, depois anda se segurando, então anda sem se segurar e depois somente   se aprende a correr.

Elaboração de Personagens

Antes de criarmos um personagem, devemos pensar em suas características, como será o seu comportamento, qual a sua história, biótipo, fenótipo, contexto de vida, história de vida e demais informações. Muitas vezes, nos é dito o que temos de fazer, mas, no final, não é essa a realidade. No caso da criação de personagens para jogos, animações, quadrinhos filmes etc., essa não é uma realidade.

Características como altura do personagem, a forma como ele irá agir, suas roupas, atributos físicos e demais elementos necessitam de uma real observação.

Façamos um briefing juntos.

Briefing

Considere dois personagens, ambos jogadores de futebol.

Como ficaria uma ilustração a partir dessas poucas informações, sabendo que o correto é que existem mais informações, como no caso de um game, ou um desenho animado etc.

Lembrando que características como ego exagerado, presunção e demais atitudes que possam influenciar negativamente a vida de alguém são comuns em personagens vilões e não em heróis, mas é conveniente que todo herói tenha um ponto negativo pelo menos, para que ele não pareça algo fora do alcance do público.

Conforme observamos, para criar um personagem, devemos antes acompanhar certa estrutura para que esse contenha as reais características de um corpo humano. A essas características intrínsecas ao corpo humano chamamos de anatomia.

Anatomia e Modelagem

Após a estruturação do “boneco”, devemos acrescentar as características nele, bem como seu estereótipo, para que possamos, assim, prosseguir com a criação de um personagem.

Após a elaboração do personagem, é hora de aplicar o que foi projetado, em cima da anatomia correta, levando em consideração cada atributo.

Personagens e Formas Simples

Nem sempre temos uma desenvoltura bem treinada para desenhar. Isso não quer dizer que não possamos criar. Apesar de muitas pessoas considerarem o desenho um dom, na realidade não passa de prática e treino, treino, treino. Um Einstein, Neymar, Dom Pedro II, nenhum deles nasceu com um dom especial, todos nasceram iguais e se desenvolveram em certas áreas mais do que em outras. É neste contexto que podemos trabalhar.

Dessa forma, aprenderemos a criar um personagem a partir de formas básicas. Após certo tempo de treino, as formas não precisam mais ser desenhadas, já estarão em nossas mentes ao pensarmos em desenhar. Observe a figura a seguir.

Esses são dois exemplos mais comuns de formas que são utilizadas para a criação de personagens.

Desta maneira, podemos observar que com formas simples, mesmo sem um conhecimento profundo em desenho e ilustração, é possível criar personagens distintos em suas características, mas padronizados em um mesmo estilo artístico.

Com essa forma, podemos ver os ângulos do rosto e como eles se apresentam em cada direção. Essa é uma forma simples, mas sempre ajuda no momento de criar a ilustração.

Na imagem anterior, podemos verificar que qualquer personagem pode ser criado a partir de formas, magro, alto, baixo, e todas as demais características que estudamos anteriormente.

As cores têm sido utilizadas pelos seres humanos há séculos. A cada momento, podem representar algo diferente: beleza, medo, força etc., sempre com o intuito de aflorar nossos sentidos e emoções para algo. Igualmente acontece na natureza, quando vemos algum réptil, anfíbio ou insetos com cores muito contrastantes, apresentam um sinal de alerta àqueles que se aproximam deles.

Um exemplo de utilização das cores para alteração de percepção ocorreu quando Júlio César (100 a.C. a 44 a.C.), ao se autoproclamar imperador de Roma, passou a utilizar uma capa roxa, que os antigos imperadores romanos utilizavam. Isso trouxe aos cidadãos romanos e até mesmo aos patrícios a sensação de estarem perante a presença de alguém tão importante quanto os reis ancestrais que carregavam a mesma carga emocional à população.

Devido a nossa exposição às cores normalmente não damos valor a elas, no entanto, tudo tem cor, seja natural ou criada pelo homem, mas tudo tem a sua cor.

Teoria das cores é o nome dado aos estudos que compreendem a relação da Luz, a natureza das cores e suas associações. Muitos destes estudos foram realizados por cientistas e artistas, tais como Leonardo Da Vinci, Goethe, Sir Isaac Newton entre outros. O mais antigo estudo voltado à teoria das cores é do filósofo grego Aristóteles, conhecido tutor de Alexandre, o Grande. Aristóteles compreende que elas eram similares em relação ao peso, material, textura. Simplesmente uma propriedade das matérias. Ele considerava que a cor era gerada a partir dos pesos, quanto mais pesada mais escura.

Atualmente sabemos que cores influenciam de compras a sentimentos. Cores como azul podem gerar paz ou em relação à comida, tirar a vontade daquele que quer comer. Muitos são os conceitos analisados, mas alguns são muito importantes, principalmente quanto em relação às cores primárias.

Ressalta-se que experiências pessoais e contextos culturais também influenciam nessas sensações e sentimentos. No Brasil, a cor que simboliza o luto é o preto, mas no Japão e em outros países asiáticos, é o branco. Esse é um exemplo da cultura alterando caráteres das as sensações.

A Cor

Algo de extrema importância ao se estudar as cores, é que devemos compreender como elas interagem conosco e com o mundo a nossa volta. Desta forma, devemos compreender, as características das cores e da interação delas conosco.

A cor nada mais é do que um fenômeno físico, o reflexo da luz que não foi absorvido por um material.

• A característica primeira da cor é que ela só é percebida quando há luz, na escuridão, esta não pode ser diferenciada;
• A luz engloba todas as cores do arco-íris, a luz do sol e até mesmo lâmpadas comuns usadas em casa. Estas cores incluem até as tonalidades de infravermelho e ultravioleta;
• Nos olhos, a luz é recebida pela retina. Na retina existem os bastonetes e os cones.
  

Cor Luz

A cor luz é a luz do Sol, televisores e demais corpos que emitem luz. Composta por 7 cores: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta.

Segue um exemplo de cor luz emitida via tela.

Segue um exemplo de cor luz emitida via calor.

Este é mais um exemplo de cor luz emitida via tela, muito comum em nossas vidas.

Cor Pigmento

Pigmento é o que gera cor a tudo o que é palpável, material. Nos primórdios da civilização os homens se utilizavam das mais variadas formas de produção de pigmentos: sangue, plantas, cascas de árvores, lodo, barro, carvão etc.

A mistura de pigmentos altera a quantidade de luz absorvida e refletida pelos objetos. Cada um reflete somente a cor que não é absorvida.

Por exemplo: o pigmento amarelo absorve da luz branca as cores azul-violeta, azul-ciano, verde, vermelho alaranjado e vermelho magenta, e reflete somente a luz amarela, que é a cor que podemos ver.

A cor pigmento é chamada de mistura subtrativa, por ser contrária à mistura aditiva que acontece com a cor luz.

Segue exemplo de cor pigmento a partir de pó de gesso e tinta comum.

Este é um exemplo de cor pigmento gerado pela natureza, com pigmentos preestabelecidos geneticamente devido a variações, mudanças e adaptações tanto de locais quanto de alimentação.

Este é um exemplo de cor pigmento gerado por mistura de substâncias químicas, gerando assim uma forma de tinta a óleo, sob água.

Disco Cromático

O disco cromático comumente visto em softwares editores de imagens como Adobe Photoshop®, Adobe Illustrator® e Corel Draw® apresentam uma parcela das cores que podemos enxergar e distinguir. Normalmente é apresentado em formato de disco, onde exibe suas cores.

Estas cores são divididas em categorias, uma destas divisões é o dualismo de cores quentes e cores frias, as quentes são vermelho, amarelo, laranja e demais cores de tons avermelhados e amarelados de forma predominante. Já as cores frias são azul, verde, roxo e demais cores que apresentam tons azulados e esverdeados em predominância. Dentre todas as categorias existentes, as mais comuns são:

• Cores Primárias.
• Cores Secundárias.
• Cores Terciárias.
• Cores Complementares.
• Cores Análogas.
  

O disco cromático é carro-chefe de todo ilustrador e designer. Suas cores, quando utilizadas de forma correta, podem influenciar nas emoções e percepções de quem as vê.

Cores Primárias

O AMARELO, AZUL e o VERMELHO são cores que não podem resultar da mistura de outras, são chamadas de cores puras.

As demais cores são resultadas da mistura destas. Podem ser observadas na composição de cores para personagens, cenários, items, HUDs e demais itens de alerta.

Cores Secundárias

Composto pelo LARANJA, VERDE e VIOLETA. Formados a partir da mistura de duas cores primárias. Assim como as cores primárias, são utilizadas em composições de cores para personagens, cenários, itens etc.

Estas, normalmente são apresentadas com suas variações de saturação e opacidade em cenários e itens comuns em jogos.

Cores Terciárias

São cores formadas a partir da mistura das cores primárias com as secundárias. Cores como o VERDE-AMARELADO E O LARANJA-AVERMELHADO. Normalmente são utilizadas em imagens infantis.

Podem ser muito observadas em desenhos e animações infantis e infanto-juvenis. Sendo igualmente achadas em roupas infantis e brinquedos.

Cores Complementares

As cores complementares são formadas pela utilização de duas cores diretamente opostas uma das outras. Considerando todo o disco cromático. Exemplo: AZUL/ LARANJA. Comumente utilizada para gerar contraste, uma cor não interfere na visibilidade da outra.

Podem ser facilmente achadas em pinturas e filmes; quando mais de um elemento na tela for importante, devem ser apresentados próximos uns aos outros.

Cores Análogas

São as cores mais próximas umas às outras no círculo cromático e demonstram diferenças mínimas. Comumente utilizada em roupas de um único indivíduo ou cenários, para gerar harmonia.

Podemos verificar que as cores se apresentam em várias matrizes, e para cada uma delas, podemos utilizar de uma forma.

“Para mim, não há nada mais importante no futuro que o desenho. É a alma de tudo o que é criado pelo homem”. (Steve Jobs)

O homem tem se utilizado de signos para expressar suas vontades, os seus pensamentos e sua história. O signo é uma imagem, som, palavra etc. que representa algo. Neste contexto encontramos os desenhos e as ilustrações.

Dentre os fundamentos da ilustração tradicional e digital, existem duas características de extrema importância, conforme já estudamos nas cores. Que são, cor luz e cor pigmento. Estes são fatores essenciais na criação e diferenciação dos desenhos tradicionais e os digitais.

A forma de desenho, os materiais e as diferenciações nas possibilidades de aplicações dos desenhos são as principais diferenças entre a ilustração tradicional e a digital.

Desenho e Ilustração Tradicional

Uma das principais diferenciações entre desenhos tradicionais e digitais são os materiais utilizados.

No desenho tradicional, trabalhamos com papéis, telas, madeira etc., além de utilizarmos lápis de cor, canetas, giz de cera, tinta óleo, dentre outros, assim, são utilizadas as cores pigmentos. Com isso, tanto o resultado final, quanto a forma de pintar se alteram.

Esta imagem apresenta um exemplo de ilustração tradicional comum. É uma pintura em folha sulfite de lápis aquarelável e lápis grafite.

Esta imagem apresenta um exemplo de ilustração tradicional. É uma pintura de tinta a óleo sobre tela, com variações de pincéis. O molde do desenho (a linha mais fina), foi criado com lápis carvão.

Desenho e Ilustração Digital

A ilustração digital, como o nome já sugere, não se apresenta na realidade, ela é gerada em computador, celular, tablet etc. Utilizando a famosa cor luz. Apesar de existirem diversos softwares de criação, três se destacam nas entrevistas de empregos para a área.

Esta imagem apresenta um exemplo de ilustração digital. É um design criado a partir do software Adobe Illustrator, muito utilizado para criação de layouts de programas e desenhos simples.

Esta imagem apresenta um exemplo de ferramenta de ilustração digital. É uma mesa digitalizadora, na qual se reproduz o desenho como se utilizasse uma folha de papel.

Assim, podemos verificar que, para cada momento, existe uma ferramenta específica. E, para o artista digital ou tradicional, é necessário um conhecimento mais abrangente.